Infertilidade/ Reversão de Vasectomia
Infertilidade Conjugal
A infertilidade conjugal pode ser definida como Incapacidade de concepção após um ano com relações sexuais frequentes.
Em geral acomete 15% dos casais.
Dentre as causas podemos citar anormalidades genéticas, testículos não descidos (criptorquidia), varicocele, tumor testículo, infecções testiculares ou uretrais, procedimentos cirúrgicos como vasectomia, distúrbios endócrinos ou ainda, idiopática (sem causa aparente) em 30-40%.
A infertilidade é dita conjugal, uma vez que em cerca de 50% o fator masculino está associado ao feminino e a recomendação consiste na investigação de ambos os parceiros simultaneamente.
A avaliação diagnóstica deve ser individualizada com base nas queixas inerentes a infertilidade ou de demais órgãos e sistemas.
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História médica
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Exame físico
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Ecografia escrotal
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Análise de sêmen (espermograma)
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Avaliação hormonal
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Exame andrológico abrangente se a análise do sêmen mostrar anormalidades
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Cariótipo em casos selecionados
A conduta frente a infertilidade conjugal depende basicamente da causa subjacente. Quando é viável a reversão, varicocele ou pós vasectomia por exemplo, o procedimento deve ser tentado com intuito de promover fertilidade de maneira natural. Se insucesso ou causas irreversíveis, pode-se proceder com fertilização assistida e técnicas de obtenção de espermatozoides (PESA, TESA, MICRTO-TESE), individualizadas caso a caso.
Reversão de Vasectomia
Cerca de 5% dos pacientes submetidos à vasectomia procuram pela reversão da cirurgia. Os motivos são variados, tais como o divórcio e um novo relacionamento, perda de um filho, melhora de condições financeiras da família, dentre outros.
A cirurgia de reversão de vasectomia foi realizada com sucesso pela primeira vez, nos Estados Unidos em 1919, foi apenas em 1977, com a introdução da técnica da microcirurgia, que tivemos resultados realmente animadores. A técnica, empregada atualmente, exige conhecimento e treinamento em microcirurgia por parte do médico cirurgião, utilizando fios cirúrgicos muito finos, de difícil visibilização a olho nu. Durante a cirurgia, é possível avaliar o aspecto do líquido proveniente dos testículos e a presença de espermatozoides: se favorável, a chance do paciente voltar a ejacular espermatozoides após a reversão passa de 90%.
Fatores relacionados ao sucesso da reversão:
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Tempo para reversão (mais importante)
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Domínio da técnica microcirúrgica
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Qualidade do fluido seminal do coto epididimario
No que tange o período entre a realização da vasectomia e sua reversão, dados do maior estudo americano sobre reversão de vasectomia - Vasovasostomy Study Group
(https://www.auajournals.org/doi/abs/10.1016/S0022-5347%2817%2938381-7)
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Vasectomia com menos de 3 anos = 97% chance de recanalização
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Vasectomia entre 3 e 8 anos = 88% chance de recanalização
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Vasectomia entre 9 e 14 anos = 79% chance de recanalização
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Vasectomia com 15 anos = 71% chance de recanalização
Estes números referem-se à chance de volta dos espermatozoides no ejaculado, já que o percentual de gravidez é menor, pois aqui dependemos também da idade e do potencial fértil da mulher. A idade e o potencial fértil / reserva ovariana da companheira é tão importante quanto o tempo de vasectomia. Em mulheres de até 30 anos de idade, a reversão produz cerca de 64% de gravidez; de 30 a 35 anos, 49%; a partir de 36 anos, a taxa é de 30 a 40%.
Devemos preferir reconstrução cirúrgica em relação a técnicas de reprodução assistidas pelos custos diretos (hormônios, captação, transferência) e indiretos (condições neonatais, multiparidade) da FIV serem superiores.
Após a cirurgia é recomendado a não realização de atividade sexual por 30 dias, bem como exercícios físicos de alto impacto por período semelhante. Orientamos também a utilização de um suspensório escrotal, o que dá certo conforto para o paciente.
A presença de espermatozoides na ejaculação acontece após alguns meses em determinados casos, mas o período de acompanhamento médio é de 12 a 18 meses. E a gravidez pode acontecer ainda dentro do primeiro ano após percebido a presença de espermatozoides na ejaculação.